Era
uma vez...
Não
sei o porquê, estórias ou histórias iniciadas dessa maneira me deixam melancólica.
Talvez pelo fato de que percebi que tudo não passava de um fruto da minha
imaginação.
Imaginem
se eu encontraria, um dia, uma casinha tão pequenina que todos seus pertences,
tão pequenos, fossem de casinha de boneca? O que tive, pra me enganarem, foi
uma pequena cabaninha montada em meu quarto com o Pluto desenhado pelo lado de
fora. Nem o cavaleiro branco ainda apareceu para me livrar das malvadas garras
e injúrias dos homens que usam colarinho branco!
Certa
vez... Também não ficaria bem pra um início. Parece-me um final tão longínquo.
Como meus alunos dizem: “Porque eu tenho que saber que em um ano qualquer
nasceu uma pobre garota cujo pai era alcoólatra e a mãe só chorava?” Mesmo que
essa garota viria a ser sua professora de Língua Portuguesa ou Língua Inglesa
e, como Freud explicava: “um complexo edipiano ou um passado mal resolvido
poderia trazer consequências futuras”.
É,
ninguém se importaria com isso mesmo, somente queriam saber o motivo de minhas
licenças.
Lembrei-me
da primeira série do SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, transmitida pela então ex cultural
REDE GLOBO.
A
personagem Narizinho dizia uma palavra mágica: PIRLIMPIMPIM. Pra mim foi mágica
até algum tempo atrás. A última vez que cerrei meus punhos, fechei meus olhos e
invoquei essa palavra, havia pedido para que meus pais parassem de brigar.
Ilusão. Quando abri meus olhos estava envolta a um mar de explosões de
xingamentos e um espaço de terror. Nunca mais essa palavra, por mim, foi
pronunciada.
Ainda
bem que inventaram o DVD ou Toca CD. Até meados de minha juventude ouvi minha
mãe ouvir Roberto Carlos. Me perdoem os (as) fãs desse ex-jovem-guarda. Suas
músicas que me fazem rir são intragáveis. Não descem nem com gelo e limão.
Tinha
mais:
Celli
Campello: - “Filme triste...”
Paulo
Sérgio: - “Essa é a última canção...”
Vanusa:
- “Nas manhãs de setembro....”
Eu
tentava ouvir Titãs, Capital Inicial, Ira e abafar aqueles conjuntos de padrões
inúteis de uma crença moral e ética antepassada. Só ouvia um grito: “Abaixa
essa loucura.”
Depois
que em minha casa surgiu o aparelho para CD e sumiu a tão usada vitrola, nunca
mais tive o privilégio de ouvir a voz dela reclamando da cama, mesa e banho e
nem um tal programa de rádio que um ser intrépido, em plena madrugada, falava
em alto e bom som: “JOGA ÁGUA NELA” e cantava: “QUEM É QUE NÃO SOFRE POR
ALGUÉM?”
Pois
é. Minha mãe não sabe mudar de FM pra AM e ninguém nunca se importou em
ensiná-la pra não ter que ouvir essas otites de idiotices.
Ganhei
um violão. Acho que meu avô me deu um pra não ter que ouvir meu ruído de quebra
cordas do dele.
Fui
obrigada a aprender alguma coisa. Comprei um livrinho com as notas musicais que
dizia ensinar. Consegui tocar “A time for us” e depois, como gostava da tal
música, aprendi “I started a joke”. Acho que essas são as que doem menos nos
ouvidos alheios.
Foi
assim que, certa vez, surgiu em meu límpido e próspero intelecto: ‘UMA MÚSICA
BOLADA”.
Mas
deixa pra próxima.



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